O Piercing Oral sob a visão da Odontologia

A irreverência do adolescente é incontestável, mas a teimosia também!
Muitos adolescentes colocam piercing ou fazem tatuagem para se destacar no grupo ou definir traços de sua personalidade e normalmente um só não basta: o jovem coloca vários espalhados pelo corpo, sendo que um dos locais preferidos pelos amantes desse adorno tem sido a boca.

A colocação do piercing nessa região preocupa os especialistas em odontologia devido à série de complicações que ele pode trazer ao usuário, como alergias, fratura nos dentes, periodontites, halitose (mau hálito), infecções locais, inflamação severa na língua, alteração da fala, trauma no palato, hemorragias, podendo até aumentar o risco de câncer de boca devido a esses traumas na mucosa oral.

Mesmo havendo vários trabalhos científicos provando que o piercing bucal faz mal à saúde, é complicado convencer os jovens sobre os riscos que correm. Resultado: os odontologistas mudaram de estratégia. Em vez de só contra-indicá-lo, passaram a orientar sobre os danos que podem causar e a ensinar o adolescente, portador do acessório, a se proteger e a se cuidar o máximo possível.


Piercing Bucal e Piercing no Dente.


É importante saber diferenciar o piercing bucal do piercing no dente.

No primeiro caso, o acessório é colocado após a perfuração da mucosa dos lábios, das bochechas ou da língua. É confeccionado em ouro, aço cirúrgico ou titânio, materiais que apresentam boa compatibilidade, fato esse que não impede ‘efeitos colaterais’ após a sua colocação, a qual geralmente é feita nas lojas que vendem o produto.
Já o piercing dental — um pequeno strass ou lasca de metal brilhante (como o ouro ou o aço) — é colado na face externa do dente, sendo que somente um dentista pode fixá-lo, utilizando, para tanto, uma cola especial compatível com o dente.
Independente do tipo de piercing oral, os odontólogos recomendam uma série de cuidados para reduzir os danos causados por esses adornos:

Para piercing na língua, bochecha ou lábios, recomenda-se:
1.                      Diminuir a mobilidade do adorno: não brincar de torcer, mordiscar, girar ou tocar o piercing com as mãos, já que esses tipos de hábitos aumentam os traumas na mucosa.
2.                      Tomar muito cuidado durante a mastigação: na hora de provar os alimentos, certificar-se de que não está mordendo o piercing, o que pode provocar desgastes ou fraturas nos dentes.
3.                      Tirar o piercing durante a higiene bucal. Após alimentar-se, retire o adorno, escove os dentes, use o fio dental, higienize a língua e as bochechas internas com a escova e, em seguida, escove o piercing como uma prótese dentária antes de colocá-lo no local.
4.                      Fazer bochechos com produto antisséptico. Para tanto, consulte um dentista que irá indicar a melhor marca e a dosagem diária do líquido.

Para piercing nos dentes, recomenda-se:
1.                      Caprichar na higiene: depois de cada refeição, escove os dentes e dê uma atenção maior àquele em que o piercing foi colado.
2.                      Usar o fio dental: não esquecer de intensificar o seu uso ao redor do adorno para retirar a placa bacteriana que tende a se fixar.
3.                      Fazer bochechos com um antisséptico indicado pelo seu dentista.


Antes de furar, é bom saber...

... EXISTEM RISCOS E `EFEITOS COLATERAIS´ COM O USO DO PIERCING ORAL:
INFECÇÃO: a boca contém milhões de bactérias que podem causar infecções depois da fixação de um piercing oral, já que o adorno lesa o tecido bucal, criando uma porta de entrada para esses microorganismos.
SANGRAMENTO PROLONGADO: caso um vaso sangüíneo seja perfurado durante a colocação, pode haver forte sangramento e hemorragia.
DOR E INCHAÇO: são sintomas comuns no usuário de piercing na boca. Em casos mais sérios, a língua pode inchar muito, comprometendo, dessa forma, a passagem de ar, a respiração e a fala.
DENTES DANIFICADOS: o contato com o adorno pode danificar o dente por causa do atrito excessivo. Dentes com restaurações — coroas ou jaquetas, por exemplo — também podem ser prejudicados pelas peças de metal.
FERIMENTO NA GENGIVA: o piercing pode ferir o tecido da gengiva e causar retração gengival. O problema torna os dentes mais vulneráveis às cáries e à periodontite.
INTERFERÊNCIA ORAL: o acessório aumenta a produção de saliva, impedindo a pronúncia correta das palavras, além de dificultar a mastigação.
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS: com a perfuração, a pessoa fica mais suscetível a doenças, como a aids, se tiver o contato com portadores da doença, por meio do sexo oral ou beijo.
ENDOCARDITE: o piercing oral pode causar inflamação das válvulas e dos tecidos cardíacos. A ferida causada pela perfuração facilita a entrada de bactérias na corrente sangüínea, as quais podem chegar ao coração e desencadear essa patologia.



Fonte: Revista Viva Saúde - Adaptado.