Impotência Sexual e Disfunção Erétil


Em que consiste a disfunção erétil?
Para o indivíduo ser considerado impotente, precisa manifestar disfunção erétil permanente. Uma falha ocasional de ereção, que pode acontecer com todos os homens. Por outro lado, quando se fala em impotência sexual, muitas vezes estamos nos referindo a outras manifestações da sexualidade masculina que nada têm a ver com a ereção, como a falta de desejo ou de orgasmo e a ejaculação precoce ou retardada. Por isso, o termo impotência sexual, na literatura, foi substituído por disfunção erétil quando significa a incapacidade de conseguir ereção satisfatória para o ato sexual.

A disfunção erétil atinge que universo de homens?
Estima-se que, em âmbito mundial, uma população em torno de 155 milhões de homens apresentem disfunção erétil. No Brasil, calcula-se que os casos atinjam 10 milhões de homens.
Considerando-se a população adulta acima de 18 anos, estima-se, ainda, que 52% dos homens apresentarão algum grau de disfunção erétil: 10% representam os casos graves; 25%, os de disfunção moderada e 17%, os de disfunção mínima.
Mesmo assim, o termo disfunção erétil continua impreciso e contraditório. Deveria ser disfunção sexual. Quando se pergunta a um indivíduo sobre sua sexualidade, pergunta-se sobre ereção satisfatória ou não e sobre a qualidade da relação sexual. Para analisar o problema, mistura-se um pouco da epidemiologia com a avaliação emocional emitida pelo paciente. 

Quais são as principais causas dessa disfunção?
Há quatro causas principais. A mais importante é a emocional e atinge 70% dos homens. Os 30% restantes apresentam uma disfunção orgânica que pode ser vascular de origem arterial, hormonal e, em pequeno número, resultado de alterações na anatomia do pênis, como ocorre na doença de Peroni.

O que se entende por causas emocionais da disfunção erétil?
A disfunção erétil não envolve apenas o pênis. Quando se estuda esse órgão, deve-se pensar sempre nele e na pessoa que o comanda, na vagina que está a sua frente e na pessoa que comanda essa vagina. A relação entre pênis e ereção subentende um envolvimento entre pessoas. Daí, a grande dificuldade para determinar o diagnóstico. Sexualidade não é doença, é disfunção. Se o indivíduo quebra uma perna, o ortopedista avalia a fratura e trata daquela perna independentemente do que o paciente esteja pensando ou sentindo. Na sexualidade, ao contrário, o enfoque tem de ser emocional, porque o pênis faz parte do relacionamento íntimo entre duas pessoas. É de extrema importância estabelecer se ele funciona mal e compromete a relação, ou se funciona mal porque a relação já está comprometida. Como já disse, em 70% dos casos de disfunção erétil, a emoção está envolvida na causa. É impossível, por exemplo, manter a ereção se o casal for surpreendido por ladrões, pois o medo libera substâncias (adrenalina) que bloqueiam o estímulo sexual. Se o indivíduo atravessa um mau momento na vida, não se pode exigir que tenha bom desempenho eretivo.

Quais as causas emocionais mais importantes?
A ansiedade encabeça a lista das causas emocionais que bloqueiam o mecanismo da ereção. Pode ser provocada pelo medo de falhar pela segunda vez ou pela inibição ou alvoroço diante de uma parceira que desperte atenção especial. A frase - “Você é muita areia para o meu caminhãozinho!” – elucida essa situação que, em geral, não ocorre com a companheira que pode até ser mais bonita e sedutora.
Outra causa importante é a falta de controle ejaculatório. O medo de ejacular depressa demais, de não dar prazer à parceira, de não conseguir a penetração que considera ideal, cria tanta ansiedade que ele falha durante o ato sexual.

Qual a influência do estresse a que está submetido o homem moderno?
O estresse do cotidiano, a falta de dinheiro no banco e o cigarro, por exemplo, são fatores que pesam no desempenho sexual do homem contemporâneo. Fala-se muito como as pessoas deveriam portar-se para estimular o desejo. Como pedir a um homem ou a uma mulher cujo dinheiro não chega para pagar as contas do mês que estejam dispostos a criar um clima e colocar um disco romântico na vitrola? O ideal seria transformar o ambiente e a rotina familiares, mas isso não é tarefa fácil.
 
Há algum método para separar os casos emocionais dos orgânicos?
Há dados importantes a considerar. Estudos realizados pelo Instituto H. Ellis evidenciam que os homens procuram ajuda, em média, só 4 anos depois que o problema começou a manifestar-se. Isso demonstra como é difícil vencer a inibição e procurar um médico para tratar do assunto. Em comum, a história é sempre longa, mas com aspectos distintos.
No entanto, há aqueles que, apesar dos inúmeros insucessos, continuam tentando. Embora o pênis não corresponda, não se entregam, o que sugere a possibilidade de um componente orgânico. Existem, ainda, aqueles que desistiram de tentar. A última relação ocorreu há bastante tempo. Um comprometimento da ereção desse tipo é difícil de entender especialmente se considerarmos o mecanismo involuntário e constante das ereções noturnas indispensável para a manutenção saudável do sistema.
Durante certo período, imaginou-se que, se havia ereção noturna, a emoção era a responsável pelo mau funcionamento do pênis em vigília. Hoje, sabe-se que a doença arterial, por exemplo, pode impedir que o sangue chegue em volume adequado ao pênis. À noite, com o indivíduo mais relaxado, o fluxo sanguíneo é suficiente para provocar ereção o que não acontece quando a resposta sexual exige presteza. Portanto, ereção noturna não garante a integridade do mecanismo da ereção.

Por que os homens com dificuldade de ereção hesitam em procurar ajuda?
A resistência parte do próprio indivíduo. É muito fácil procurar o médico para queixar-se de falta de ar, tosse ou dores no estômago. Admitir, porém, sua impossibilidade de manter relações sexuais é algo custoso e deprimente. Em geral, os homens só tomam a iniciativa estimulados pela parceira que nem sempre os acompanha ao consultório, mas é quem marca a primeira consulta. Eles cedem porque a relação está em jogo. A suspeita, por parte da mulher, de que haja um envolvimento extraconjugal ou sua suposição de ter-se tornado menos atraente e sedutora muitas vezes contaminam o relacionamento do casal.

Até que idade o homem pode estar ativo sexualmente?
Sexualidade não tem padrão. Basta lembrar que, em férias, as pessoas transam mais. Os parceiros não mudaram; mudaram o ambiente e o perfil da libido. Nessa hora, percebe-se que a sexualidade varia de instante para instante, de pessoa para pessoa, depende do relacionamento interpessoal e faz parte da qualidade de vida do ser humano. Por isso, seria temerário caracterizar procedimentos, ditos normais, nesse campo. Grosso modo, o envelhecimento não traz consigo a perda da ereção nem da sexualidade. Entretanto, elas variam de acordo com a postura de cada indivíduo perante a vida. Um homem de 90 anos pode ter atividade sexual satisfatória com ereção, se estiver saudável, otimista e bem disposto. Essa capacidade, porém, estará ausente naqueles que, apesar de mais novos, estejam deprimidos ou doentes.

Qual o tratamento empregado em caso de disfunção erétil?
É importante que o indivíduo busque acompanhamento médico para que as causas dessa disfunção sejam delineadas e sanadas, pois as causas podem ser tanto emocionais quanto orgânicas. Dependendo dos fatores evidenciados, o tratamento pode variar desde acompanhamento psicoterapêutico para controlar a carga emocional até a utilização de medicamentos que estimulam uma ereção mais rápida e duradoura. 

Liberte-se, procure um especialista e não use medicamentos sem prescrição médica!  





Fonte: http://www.drauziovarella.com.br
Entrevistado: José Mário Reis é cirurgião vascular, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Impotência e um dos pioneiros a estudar a impotência sexual masculina no Brasil.




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