A Música e a Saúde Mental


 

Situações de ansiedade, depressão, o stresse não controlado, a esquizofrenia geram uma degradação dos estados de saúde mental não apenas dos adultos, mas também das crianças e dos adolescentes, alterando o desempenho pessoal e social desses indivíduos.  
Entretanto, a boa notícia é que temos uma capacidade de intervenção, uma potente arma que pode ser útil, quer na manutenção ou no restabelecimento da saúde mental. Falamos da MÚSICA!

A auto-estima e o papel da música
A auto-estima refere a capacidade que uma pessoa tem de recolher sobre si própria uma opinião positiva e realista, criando nela um reconhecimento do seu valor e unicidade. Expressa uma atitude de aprovação ou desaprovação, e indica o grau em que o indivíduo se considera capaz, importante e valioso.

O processo de dominação de crianças, rejeição e punição severa resultam em auto-estima diminuída. Assim, uma criança com auto-estima diminuída tem uma atitude submissa e passiva. No entanto, a qualquer altura pode alterar o seu comportamento, para o oposto extremo, de agressão e dominação.
As “... crianças não nascem preocupadas em serem boas ou más, espertas ou estúpidas, amáveis ou não. Elas desenvolvem estas concepções. Criam auto-imagens... baseadas fortemente na forma como são tratadas por pessoas significantes, os pais, professores e amigos.” (Coopersmith, S., 1989).

A ansiedade é causada por fracassos e outras condições que revelam certas insuficiências pessoais. Alguém que está com uma baixa auto-estima frente a estes fracassos, pode vir a agravar ainda mais o problema. Mas, com uma auto-estima elevada, poderia ver ultrapassada mais facilmente a situação.
Um dos instrumentos que acentua o reforço da auto-estima é a criatividade. Está demonstrado que pessoas criativas têm estatisticamente mais propensão para elevada auto-estima, assumem papéis novos e ativos, e são positivas na expressão das suas concepções sobre a vida e os seus planos. Assim, alguém com elevada auto-estima supera medos e ambivalêncas, orienta-se para objetivos e desenvolve metas pessoais que são a mais forte contribuição para ultrapassar as crises da vida. É neste ponto que a música desempenha o seu papel fundamental de reforço da auto-estima.

Música é criatividade, liberdade, satisfação por conseguir, após exercício coordenado por disciplina, atingir os objetivos procurados.
Assim, uma criança que alimenta a sua auto-estima através da criatividade produzida pela sua música, sai reforçada para melhor enfrentar os constrangimentos da sua vida, aprendendo a superá-los, preparando-se assim para uma vida adulta mais bem conseguida.

O auto-conceito e a música
O termo auto-conceito foi definido por na última década do século XIX, como o conjunto de tudo o que o indivíduo pode chamar seu, não só o seu corpo e capacidades físicas, mas também os seus pertences, amigos, familiares ou trabalho. O auto-conceito é reflexivo, pois é caracterizado pela dualidade do que é EU (o que é o indivíduo) e MIM/MEU (o que pertence ao indivíduo). No primeiro caso, o EU refere-se à consciência sobre o que acontece. O MIM/MEU é caracterizado pelas ideias que se têm sobre si mesmo e o que se gostaria de ser (James, W., 1890).

O auto-conceito é hoje reconhecido como um dos elementos mais poderosos na construção de uma personalidade equilibrada, que poderá ajudar uma criança a ultrapassar as diferentes fases da vida, nomeadamente as que marcam a afirmação pessoal. É o auto-conceito que está por detrás de problemas, que são hoje tão enfatizados, como as perturbações alimentares (bulimia, anorexia, etc.).

Assim, um meio de prevenir que isto aconteça está ao alcance de cada criança ou adolescente que retira da música prazer e o espaço para desenvolver a sua criatividade.
Devido ao poder que a música tem sobre a mente, ela ajuda a restabelecer um auto-conceito positivo, ajudando a pessoa a passar mais protegida pelas fases difíceis da sua vida. 


  Se você se der o direito à música poderá contribuir para melhorar o seu bem-estar e de toda sua família. 
Coopersmith, S. (1989). Coopersmith Self-Esteem Inventory. Palo Alto, CA: Consulting Psychologists Press. p. 2
James, W. (1890). The principles of psychology. New York: Holt. 
Fonte: Revista Saúde e Lar